segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

A verdade sobre as células-tronco do sangue de cordão




Ontem publiquei no Face e Instagram o link de uma matéria da Folha de São Paulo falando sobre a coleta e armazenamento das células-tronco provenientes do sangue do cordão umbilical.

Como Hematologista Pediátrica recebo essa dúvida frequentemente e vou aproveitar essa oportunidade para esclarecer alguns pontos importantes.

As células-tronco são células com a capacidade de se diferenciar em qualquer célula especializada do corpo e através de sua cultura pode-se produzir milhares.


São classificadas em 3 categorias:
-embrionárias: encontradas no embrião humano, também são chamadas de toti ou pluripotentes, pois são as células com maior capacidade de diferenciação do nosso corpo.
- adultas: presentes no sangue do cordão umbilical, na medula óssea, no sangue periférico, no fígado, na placenta e no líquido amniótico. Essa categoria já apresenta uma limitação na capacidade de diferenciação.
- mesenquimais: são derivadas do estroma do tecido ( parte que dá sustentação às células ). São capazes de se diferenciarem em células ósseas, cartilaginosas, hepáticas, cardíacas e neural, além de possuir poderosa atividade imunossupressora. São encontradas principalmente na medula óssea e tecido adiposo.

Mas afinal, vale a pena coletar e armazenar as células-tronco do cordão umbilical do recém-nascido? A resposta correta é depende de qual é a finalidade.
As doenças que as células-tronco visam curar são genéticas, ou seja, são doenças derivadas geralmente de uma mutação genética. E você concorda comigo que toda a informação genética do ser humano já está presente desde a sua formação embrionária? Ou seja, se a criança desenvolver uma doença genética no futuro, iremos utilizar o seu próprio material genético "doente " para curá-la? Claro que não! Então, se tivermos a intenção de aproveitar essas células para a própria criança, como as propagandas difundem, a resposta é NÃO VALE A PENA.
Por outro lado, a coleta das células-tronco do cordão VALEM A PENA serem coletadas desde que a intenção seja doá-las para um banco público, onde qualquer pessoa que precisar terá maiores chances de encontrar um material genético compatível com o seu. É assim que já acontece nos Estados Unidos e na Europa há alguns anos.
Aqui no Brasil já temos a Rede BrasilCord, que reúne os Bancos Públicos de Sangue do Cordão Umbilical e Placentário. As cidades que possuem bancos públicos são São Paulo ( 2 ), Campinas, Ribeirão Preto, Rio de Janeiro, Florianópolis, Distrito Federal, Porto Alegre, Fortaleza, Belém, Recife, Belo Horizonte e Curitiba. Os bancos possuem convênios com determinadas maternidades e a coleta só pode ser realizada nesses locais. Todos os bancos juntos terão capacidade de armazenar quantidade considerada ideal para a demanda de transplantes de medula óssea no país. Viram a importância de divulgarmos essas informações de forma correta? Vamos mudar a cultura de coleta de células-tronco no nosso país e aumentar o número de maternidades participantes desse projeto!

Repassem para seus amigos!

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