segunda-feira, 31 de março de 2014

Criança pode ter enxaqueca?



Meu filho sempre tem dor de cabeça, o que pode ser?
Existem várias causas para a cefaleia ( dor de cabeça ) nas crianças: algum processo infeccioso como sinusite e meningite, quadro tensional, tumores cerebrais, traumatismo craniano, disfunção da articulação têmporo-mandibular, alterações oftalmológicas e enxaqueca.
Hoje vamos conversar um pouquinho sobre a enxaqueca infantil ( também conhecida como migrânea ) e os sinais de alerta em que todos devem ficar atentos.

QUAL A CAUSA DA ENXAQUECA?
A migrânea e a cefaleia tipo tensional são as duas formas mais frequentes na infância e adolescência. A enxaqueca é causada por uma combinação de inflamação neuronal e vasodilatação arterial, determinada geneticamente e desencadeada por fatores emocionais e alimentares.

QUAIS ALIMENTOS DESENCADEIAM A ENXAQUECA?
Chocolate, queijo, frutas cítricas, aspartame, alimentos gordurosos, alimentos ricos em corantes e conservantes, bebidas alcóolicas e alimentos que contenham cafeína.
Mas existem outros fatores desencadeantes como o estresse, jejum prolongado, fadiga e privação do sono.

QUAIS OS SINTOMAS?
- cefaleia em um lado da cabeça ou em ambos os lados
- dor palpitante ou intermitente ( que vai e volta ) que pode durar por horas
- piora com a atividade física, com a luz e com o som ( a criança prefere ficar quieta em um canto silencioso e escuro )
- pode estar associada a náuseas e vômitos
- pode aparece a qualquer hora do dia
- algumas crianças podem apresentar auras ( sinais e sintomas que predizem a crise de enxaqueca ) como sonolência, náuseas, irritabilidade e dor abdominal

COMO É FEITO O DIAGNÓSTICO?
A história clínica descrita acima geralmente é suficiente para se fazer o diagnóstico da enxaqueca, ainda mais quando há antecedentes familiares. Porém, o médico pode solicitar exames complementares, tanto de imagem quanto laboratoriais. É recomendado realizar um diário da cefaleia, anotando os dias de crise e quais fatores desencadeadores estão sempre presentes.

EXISTE TRATAMENTO?
O mais importante é evitar os fatores desencadeantes, mas se as crises forem muito recorrentes, prejudicando a qualidade de vida da criança, pode-se fazer necessário o uso de algum medicamento preventivo.

COMO AGIR DURANTE A CRISE?
- acalmar a criança e colocá-la em um ambiente calmo, silencioso e com pouca luz
- faça uma massagem no couro cabeludo com pressão
- medique com um analgésico de sua preferência como dipirona, paracetamol ou ibuprofeno

QUAIS OS SINAIS DE ALERTA?
Se a criança apresentar qualquer um dos sinais abaixo, é recomendado procurar um médico com urgência.
- cefaleia persistentemente unilateral
- cefaleia que acorda a criança na madrugada
- cefaleia associada a vômitos frequentes
- cefaleia que não melhora com analgésicos comuns
- cefaleia associada a alguma alteração motora ou sensorial

Fiquem atentos! Com dor de cabeça não se brinca! Apesar da maioria das cefaleias infantis serem benignas e facilmente controladas, converse com seu pediatra sobre sua ocorrência.

Um abraço a todos!

segunda-feira, 17 de março de 2014

Hérnia: tipos e cuidados


O nosso assunto de hoje é sobre uma patologia muito frequente na infância e que possui muitos mitos. Vamos desvendá-los juntos?

Há 3 tipos de hérnias mais comuns na infância: umbilical, epigástrica e inguinal. Elas surgem de maneiras diversas, não há como preveni-las e seus riscos são variáveis.

HÉRNIA UMBILICAL

Causada pelo fechamento incompleto da parede abdominal no momento da regressão do cordão umbilical, ocorre em cerca de 10% das crianças e é mais comum no sexo feminino e na raça negra.
Apresenta-se como um abaulamento na região umbilical durante os esforços como choro, tosse e evacuação, mas em alguns casos pode aparecer mesmo sem esforço algum. Geralmente é redutível, ou seja, consegue-se colocar a hérnia para dentro da cavidade abdominal com uma simples pressão do dedo, de forma indolor.
Pode não ser notada por semanas ou meses após o nascimento e costuma regredir espontaneamente até os 3 anos. Após essa idade, dificilmente a hérnia fechará sozinha, sendo então indicada a cirurgia.
Raramente causa dor abdominal ou complicações como encarceramento ( saída do intestino, ovário ou gordura ).



HÉRNIA EPIGÁSTRICA

Saída de gordura através de pequeno defeito na linha média da musculatura abdominal anterior. Sua localização é sempre mediana, o orifício geralmente é pequeno e costuma causar dor espontânea, sendo raramente redutível. Por isso, o tratamento cirúrgico é sempre indicado.



HÉRNIA INGUINAL

Durante a gestação há uma comunicação do interior da cavidade abdominal com o escroto e a região pélvica que costuma fechar espontaneamente após o nascimento. A persistência parcial ou total desse conduto comunicante é a causa da hérnia inguinal.
A incidência é de 3% nas crianças nascidas a termo e 8% nos prematuros, além de haver propensão familiar ( 10% dos casos apresenta histórico de hérnia na família ).
Apresenta-se como um abaulamento na região inguinal ( um pouco acima da virilha ) aos esforços e costuma ser dolorido. Na maioria das vezes é redutível, exceto quando ocorre encarceramento ou estrangulamento.
O conteúdo encarcerado mais frequente no sexo masculino é a alça intestinal e o cordão espermático, provocando sofrimento vascular do testículo, prejudicando assim sua função no futuro. Já nas meninas, são o ovário e a trompa que encarceram na maioria das vezes.
Desse modo, o tratamento cirúrgico é sempre indicado assim que se fizer o diagnóstico para evitar tais complicações, pois quanto mais nova a criança, maior o risco.



MAS É VERDADE QUE.......

- SE EU COLOCAR UMA MOEDA NO UMBIGO OU AMARRAR UMA FAIXA NA BARRIGA, EU EVITO A HÉRNIA UMBILICAL? NÃO. Como disse, essa hérnia é causada por uma abertura na parede abdominal durante a involução do umbigo e melhorará espontaneamente com a maturação da musculatura.

- O CHORO INCESSANTE CAUSA HÉRNIA, POR ISSO NÃO POSSO DEIXAR MEU BEBÊ CHORAR? NÃO. O bebê que terá hérnia já nasce com essa propensão, por isso ele desenvolverá a hérnia independente do choro. Por outro lado, o esforço causado pelo choro, deixa a hérnia mais evidente.

- POSSO REDUZIR A HÉRNIA QUANTAS VEZES FOREM NECESSÁRIAS? SIM. Não há contra-indicação em reduzir a hérnia. Porém, observe o aspecto da pele e avalie se não está ficando vermelha, arroxeada e quente. Se houver qualquer um desses sinais, procure um médico com urgência.

- DEVO FICAR ATENTA A EVACUAÇÃO DO MEU BEBÊ? SIM. Nos casos em que o anel herniário ( abertura por onde a hérnia passa ) é muito pequeno, pode haver estrangulamento do intestino com posterior obstrução intestinal. Por isso, a parada de evacuação pode ser o primeiro sinal de alerta.

Fiquem atentos!

sexta-feira, 7 de março de 2014

Pele do recém-nascido



Olá papais e mamães recentes! Esse post é para vocês!

A pele do recém-nascido ( RN ) é muito sensível e pode apresentar diversas alterações que, na maioria das vezes, são normais. Ela desempenha um papel fundamental na transição do ser humano desde o meio aquático intra-uterino até o meio aéreo extra-uterino. A principal diferença da pele do RN para a do adulto está na derme que é menos espessa, possui fibras de colágeno de menor tamanho e vasos e nervos ainda desorganizados. A secreção sebácea está aumentada no 1º mês de vida estimulada pelo hormônios maternos e as glândulas sudoríparas são relativamente ineficazes no controle adequado da temperatura corporal.



Hoje vamos conversar sobre as lesões consideradas fisiológicas.

Vernix caseosa
- presente na superfície cutânea logo ao nascimento
- é a mistura de células epiteliais, sebo e cabelo
- funções: lubrificante, proteção contra o líquido amniótico e bactericida
- é retirada com os banhos sucessivos


Fenômenos vasculares

1. Acrocianose:
- cor violácea nas mãos e pés ao nascimento
- desaparece em poucas horas e reaparece se frio ou choro
- decorrente da congestão dos capilares das extremidades


2. Rubor generalizado:
- excesso de hemoglobina ao nascimento
- desparece espontaneamente

3. Cútis marmorata fisiológica:
- dilatação dos capilares quando exposto ao frio
- presença de um rendilhado por todo o corpo
- melhora com o aquecimento



4. Coloração em " Harlequin ":
- afeta 15% dos RN
- aparece na 2ª e 3ª semanas de vida
- eritema de um lado do corpo e palidez no outro
- decorrente da ausência transitória da regulação central do tônus vascular
- os episódios tem duração de poucos minutos
- melhora com o aquecimento ou mudança de posição


5. Manchas salmão:
- manchas de cor salmão ou avermelhadas
- principalmente nas pálpebras, testa e região occipital
- resulta de um acúmulo de capilares na derme
- presente em 70% dos RN caucasianos
- a maioria desparece no 1º ano de vida



Alterações da pigmentação

1. Mancha mongólica:
- mais comum na raça negra ou em mistura de raças
- decorrente do acúmulo de células de melanina na derme
- manchas azul-acinzentadas geralmente nas nádegas e dorso
- dificilmente desparece totalmente



Alterações das mucosas

1. Cistos epidérmicos gengivais e palatinos:
- detectados em 64% dos RN
- pequenas pápulas branco-amareladas na mucosa oral
- a maioria desaparece nos primeiros 5 meses de vida


Fenômenos hormonais

1. Acne neonatal:
- entre 2 e 3 semanas de vida
- pústulas principalmente na região malar
- não existem comedões
- some espontaneamente em 3 semanas



2. Milium sebáceo:
- resultado da ação hormonal materna
- lesões foliculares puntiformes amareladas agrupadas no nariz e lábio superior
- regridem gradualmente nas primeiras semanas



Como vocês viram, nenhuma lesão é considerada doença e a maioria é transitória. Não se preocupem!

Um abraço!